Imagem: Brasão de armas de São Bernardo do Campo
O Brasão de armas do Município de São Bernardo, foi criado em 1920, pelo célebre historiador e heraldista Affonso D´Escragnole Taunay, que criou as armas de várias cidades Paulistas, principalmente das mais relevantes em termos históricos. No Brasão, vemos representada a síntese da história do município, elementos como a Cruz de Santo André, representando a povoação de Santo André da Borda do Campo. Acima da cruz de Santo André, a cruz patriarcal de São Bernardo representa o futuro, o que S.André da Borda do Campo se tornou depois de muito tempo.
No quadro seguinte, vemos representado o “Leão dos Ramalhos”, em alusão ao fundador, João Ramalho. “Defendendo” o brasão, um Bandeirante, representando Ramalho, o “Patriarca dos Bandeirantes” e um índio, representando Tibiriçá, sobro de João Ramalho e senhor da nação dos Guaianazes, que teve um trabalho decisivo no apoio e na consolidação não só de Santo André da Borda do Campo, como na consolidação da própria capital, onde ele e seu povo lutaram bravamente ao lado dos portugueses contra nações hostis.
Além destes elementos, na parte superior do brasão, ainda temos um pequeno escudo azul, com uma flor de lis branca, representando Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem, padroeira de São Bernardo. E Na parte superior da “coroa” prateada, que representa um município, temos o elmo que distingue a família de Martim Afonso de Souza, fundador de São Vicente. Deste, partiu a ordem para oficializar a Vila de S.André da Borda do Campo em 1553.
Na base do brasão, o lema: “PAVLISTARVM TERRA MATER”, ou “Terra-Mãe dos Paulistas”, que recorda a missão inicial de Santo André da Borda do Campo, e sua importância na povoação do planalto brasileiro e paulista, terra mãe do estado e do povo de São Paulo, da interiorização, e das origens da própria capital do estado.
A Primeira lei que oficializa o Brasão, é de 20 de Dezembro de 1926, assinada pelo polêmico Saladino Cardoso Franco, e desde então, este símbolo representa a história e as tradições de São Bernardo.
Mas, em 1938, com o rebaixamento de São Bernardo da categoria de município, e com todo o território sendo renomeado para “Santo André”, o que ocorreu foi um verdadeiro descalabro: A Nova municipalidade mutilou o brasão original, e dele excluiu todos os elementos que representavam São Bernardo, associando o brasão à Santo André, e se apropriando deste.
Em 1944, São Bernardo teve a sua autonomia restaurada, e consequentemente, o brasão original retorna para o seu “proprietário”, com todos os seus elementos originais restaurados. E mesmo com a restauração de São Bernardo, Santo André, agora como município independente, continuou usando o brasão São-Bernardense mutilado propositalmente para representar a sua cidade, em uma tentativa clara de associar a sua história recente à histórica Santo André da Borda do Campo. Taunay, entendia que São Bernardo era a “herdeira” da povoação fundada por João Ramalho, e por isso criou o brasão. Santo André, nasceu por conta da estação ferroviária, como já dissemos aqui em outras oportunidades, e o seu nome apenas homenageia a vila de João Ramalho.
São Bernardo do Campo, também usava como timbre em papéis da municipalidade, um “selo” municipal, representado apenas por um escudo com a cruz de Santo André encimada pela cruz de São Bernardo, e com a listra com o lema municipal na base deste selo. Este selo aliás, pode ser encontrado no piso de mosaico português, que está na entrada da Igreja Matriz, e na própria torre da igreja, em alto relevo.
Esta discórdia em relação ao dístico das duas cidades continuou por muito tempo, até que em 1972, o Município de Santo André troca de bandeira e de brasão, adotando novos símbolos, criados por Octaviano Gaiarsa, com o brasão inspirado no selo que o Município de São Bernardo do Campo utilizava em seus documentos oficiais. Á partir deste momento, São Bernardo abandona o seu selo municipal, e Santo André desassocia os seus símbolos municipais dos de São Bernardo.
Exemplos do brasão de São Bernardo “mutilado”, que foi usado por Santo André por longos anos, podem ser vistos até mesmo na obra de Gaiarsa “A Cidade que dormiu três séculos”, e em diversas placas de inauguração, com a do próprio Paço Municipal Andreense, e da Fundação Santo André.