* Hoje não tem foto!
Na década de 1930, os jornais se tornam um veículo de informação com uma abrangência mais popular, e ganham as pequenas cidades, depois de já terem há muito ganho as grandes. A Circulação dos jornais é que era diferente: Nestes tempos, era semanal (o mais comum em nossa região), quinzenal, ou até mesmo mensal.
Com a popularização das tipografias, jornais pululavam até mesmo
Na Época, ainda não era muito ventilada a idéia de “liberdade de imprensa” ou de “imprensa parcial” (conceito bastante discutível – inexistente aliás). Certas correntes da sociedade viam nos jornais uma oportunidade de propagar as suas idéias, lutas, reivindicações, e claro, os seus candidatos.
Com exceção feita aos grandes jornais, que já circulavam na época, a imprensa era literalmente “marrom”, e trabalhava em benefício de alguém, geralmente um político ou um partido. Assim foi com vários periódicos que circularam pela nossa região, cito: “O Imparcial”, “O São Bernardo” (depois “O Santo André”), “Borda do Campo”, entre outros. Nessa velha São Bernardo, a política se dividia em duas frentes: Flaquistas, ou seja, adeptos dos familiares do velho “coronel” Fláquer – E os “outros”. Os outros, eram os que tinham predileção pela corrente política oposta a dos Fláquer, esta, variava conforme a época. Em determinado período, ainda existiram os comunistas (que elegeram Armando Mazzo como prefeito de São Bernardo pelo PCB – Mazzo ganhou, mas foi cassado, nunca assumiu, e foi o único prefeito eleito pelo PCB) e os integralistas, militantes de extrema direita, seguidores da “sigma” de Plínio Salgado e de um movimento com fortes inspirações fascistas. Estes dois últimos travavam batalhas nas ruas dos distritos de São Bernardo de forma corriqueira. Quando acontecia, socos, pauladas e cacetadas sobravam para quem estivesse no meio.
Era comum então, os Fláquer dominarem um ou mais jornais, e os opositores, algum outro. Enquanto uma corrente dominava a política da região, seu periódico distribuía elogios e gentilezas à administração pública – geralmente usando palavras como “progresso”, “labor”, “valor”, “virtudes” e outras mais – um puxa-saquismo enfadonho.
Já a outra corrente, a opositora, criticava ferrenhamente a administração, e não poupava ninguém! Para os opositores, São Bernardo vivia em uma espécie de idade média – Tudo por aqui se resumia em trevas, obscuridade, atraso, corrupção, etc. E assim se fazia o revezamento, conforme a corrente dominante.
Algumas brigas se tornaram famosas, e célebres. Como a briga que se travou entre o periódico editado
Com a atuação do DIP, os “jornalecos” do ABC caíram no esquecimento, comunistas e integralistas foram colocados na ilegalidade, e esse regime praticamente ditatorial colocou uma mordaça em nossa imprensa regional. Se por um lado a atitude trouxe paz ao ABC de outrora, ela também tirou o costume de se envolver em política que existia na região. A Política era discutida em todos os ambientes, e como a ditadura (silenciosa) imperava, e um único regime/partido vigorava, não havia mais o que se discutir.
Mesmo assim, muitos “caciques” da região continuaram desfrutando de poder, afinal, essa manobra é conhecida: Torne-se amigo do ditador, leve o seu apoio e o apoio de seus correligionários que ele certamente te dará “benefícios”. Entendeu? Claro que entendeu!
Dos anos 30/40 até hoje, já se vão mais de 70 anos. E Hoje, ao circular pelo meu bairro, consigo um “exemplar gratuito” de dois periódicos que circulam
Realmente. A Nossa mídia não mudou nada em 70 anos.
* Antigamente a população sabia a quem os “jornalecos” serviam, mas hoje... Acredita em qualquer coisa... Seja de que lado ela venha.
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